quinta-feira, julho 16, 2015

Solitaire



Se o mundo soubesse o que se passa aqui dentro haveria um momento de abraço, um vento calmo, uma mão na outra, uma força e um laço.


Mas ninguém sabe. Me calo. Me contrasto.


Então me abraço, não me acalmo, me aperto e me cerco.
Sozinha não me basto, mas é só continuar.


Tamires Ferreira



terça-feira, julho 02, 2013

Traçado

E tudo que eu queria era ter um lápis.
De um rabisco crescer um traço
Que fosse vasto e descomplicado,
Um pouco acanhado e livre.
Tudo que eu queria era ter um lápis
Que fosse tão mágico
E desenhasse em superfície uma perspectiva diferente,
Uma nuance suave e marcante.
E tudo que eu queria era ter um lápis.
Que fizesse um sorriso e com borracha consertasse
Qualquer traço errado.

Tamires Ferreira

terça-feira, junho 04, 2013

Cantinho

E não havia no mundo beleza maior do que a parte.
Um cadinho daqui e outro de lá,
Completando todo canto, cada borda do retalho,
Falando em próprio tom a visão de outros detalhes,
Outras passagens e outros olhares.
E não havia lugar escondido em que não pudesse ser avistada,
Ou detalhe que passasse despercebido.
Estava presente aqui, ali, em todo lugar, em qualquer lugar.
Uma calma crescendo, verdecendo, florindo,
Sendo símbolo, sendo vida.
Era só uma parte do mundo e ainda assim era linda.

Tamires Ferreira

sexta-feira, maio 31, 2013

É assim

Às vezes penso no grande vazio que vejo no coração das pessoas.
As ruas frias, as calçadas sem vida, os rostos em desalinho.
Mas então, percebo que em mim, vive e revive, imenso amor que irradia, redefine, existe!
Esse amor tem nome e não se esconde.
Mora dentro, mas se expande.
Cria, recria, molda, constrói.
Se estabelece e cresce até num pequeno gesto ou num rápido olhar.
É um amor diferente e igualmente puro.
Amizade é assim...
 Não é força mecânica, mas energia impulsiva que move em mim moinhos de alegria.



Tamires Ferreira

quinta-feira, maio 16, 2013

Não pensei

E você ainda pergunta o que isso quer dizer??
Eu simplesmente escrevi .
Seja lá o que for, quando eu dormir, pergunte ao meu coração o que isso quer dizer,
Pois meu cérebro foi apenas escravo sem voz guiando a mão.
Quem sabe o significado de cada uma dessas palavras é ele, o coração, a mente apenas funciona como veículo de ordenação.
Só quando dormimos podemos falar-lhe, porque durante o dia, cada ponto desmedido é sinônimo bendito de mente exercitada e o coração é apenas secundário, bombeia.
Mas em sonhos, liberta-se e alterna função, numa hora mantem-nos a quentura e noutra fração de segundo é apenas coração (sonha).
Tamires Ferreira

sexta-feira, março 01, 2013

Composição

És linda e tão pura,
Manipulada e inculta.
És berço dos meus desejos,
Deságue de minhas bravuras,
Transformadora de minhas linhas
E lágrima de minha amargura.
És simples e confusa,
Um diabo e candura.
Forte e decisiva,
Mas também lânguida, pálida e infinita.
Em suas formas, repouso meus dias
Na risada passada, o passado passado.
És memória rediviva nos olhos rasos, vastos, vívidos e vagos.
Tão sonora e muda,
Palpável e etérea,
Uma cobertura descontinuada,
És tu, fotografia, a tradutora de minh'alma desnuda.


Tamires Ferreira

sexta-feira, fevereiro 01, 2013

E onde estamos?

E onde foi que nos perdemos?
Foi num tempo bem lá trás
Quando não havia necessidade de desculpas ou de culpas,
Quando tudo era escondido com risadas e lembranças,
Quando o amor era mais do que é hoje.
Talvez devêssemos ter feito escândalos e procissões,
Caminhado em protestos e canções,
Mas só nos calamos, e onde estamos?
Num mundo sem nós.
...

Então... refaçamos os caminhos, modifiquemos os trilhos
Sejamos de novo, pai e filho, amigo e amigo.
Pois do jeito que está não dá pra ficar.
...

E agora, onde estamos??
Edificando um novo mundo para nós.

Tamires Ferreira

segunda-feira, janeiro 14, 2013

Nossos trilhos

Nos trilhos da vida cada estação é uma descoberta.
O amor, a amizade, a infância, o orgulho, a inveja.
Tudo que sentimos, fazemos, vemos,
Cada sensação, cada pessoa ocupa somente o espaço que as permitimos.
E ainda assim nos importamos com o que nao queremos para nós.
Ainda assim nos preocupamos com o que queremos manter longe.
Só deixe permanecer em seu caminho o que for belo e bom,
Pois diferente da viagem do trem, não poderemos voltar àquela mesma estação de antes.

Tamires Ferreira


quinta-feira, novembro 29, 2012

Paisagem de cetim

 
Tudo pronto e não resta ponto fora do lugar.
Num mar, num ar, numa flor ou numa casa,
Tudo parece felicidade, um perfeito viver.
Feliz aonde vou, levo abraços, afagos e sorrisos.
Nesses abrigos qualquer carinho é bem vindo
E se não houver amigo, haverá ,pelo menos, a vista de uma fita de cetim.

Tamires Ferreira

quarta-feira, novembro 28, 2012

Nada mais

Hoje o dia é mais cinzento.
Por dentro
Tudo é pó.
Pó de poeira,
Pó de areia,
Pó de estrela caída,
Pó de tristeza quando deveria ser alegria e nada mais.

Tamires Ferreira

quarta-feira, novembro 21, 2012

O dia em que decidi ser feliz.



Eu não notei,
Mas havia algo de diferente.
O mesmo mistério, a mesma habitualidade,
A mesma causalidade (era assim que eu via).
Era o que chamaria de dia comum.
Mas tudo estava diferente,
Só meus olhos despreparados não enxergavam
Que uma leve bruma envolvia o dia.
E assim passaram as horas
E eu não entendia porque tanta gente sorria.
Sorrisos francos, abraços de alegria.
Tanta felicidade para um dia.
Um dia que eu chamaria de dia comum.
Caminhando...
Mais a frente encontrei outra gente
que nada tinha de diferente da gente anterior.
E ainda assim eu não entendia o que acontecia.
Num momento inesperado, algo brilhou diferente.
Uma vontade de ver o motivo de tanta alegria
De ser a alegria... só que eu não sorria.
Não me abati. Caminhei...
Em cada novo rosto eu enxergava o que alcançaria,
Me comprometia a cada cumprimento, cordialidade e afeição.
E mesmo a cada nada eu me sentia mais igual ao que pretendia ser.
Um sorriso naturalmente aflorou.
Agora eu também enxergava a leve bruma que envolvia o dia.
Foi calma e evidente a vontade de sorrir,
Tanto quanto avassaladora e surpreendente.
Foi cumulativa e enraizada,
Coletiva e tão individual que eu sorria só de ver tanta gente sorrir.
E é assim. O dia que a gente decide ser feliz é um dia comum.


Tamires Ferreira

quarta-feira, novembro 14, 2012

Sem noção

Tantos olhares perdidos procurando frutos proibidos
E não sabemos ao certo quanto tempo é um mês.
Olhares perdidos nos mesmos lugares de antes
Escolhendo a mesma forma de ser
E ninguém sabe quanto tempo é um mês.
A mesma lua está lá, as mesmas estrelas,
Os mesmos sonhos e as mesmas lembranças,
E quanto dura um mês?
Emoldurados e paralisados, vemos sem ação
Nossas ações e emoções,
Passando vez à vez a oportunidade de bem viver.
E quanto tempo demora um mês?
Eu não sei.

Tamires Ferreira
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