Eu não notei,
Mas havia algo de diferente.
O mesmo mistério, a mesma habitualidade,
A mesma causalidade (era assim que eu via).
Era o que chamaria de dia comum.
Mas tudo estava diferente,
Só meus olhos despreparados não enxergavam
Que uma leve bruma envolvia o dia.
E assim passaram as horas
E eu não entendia porque tanta gente sorria.
Sorrisos francos, abraços de alegria.
Tanta felicidade para um dia.
Um dia que eu chamaria de dia comum.
Caminhando...
Mais a frente encontrei outra gente
que nada tinha de diferente da gente anterior.
E ainda assim eu não entendia o que acontecia.
Num momento inesperado, algo brilhou diferente.
Uma vontade de ver o motivo de tanta alegria
De ser a alegria... só que eu não sorria.
Não me abati. Caminhei...
Em cada novo rosto eu enxergava o que alcançaria,
Me comprometia a cada cumprimento, cordialidade e afeição.
E mesmo a cada nada eu me sentia mais igual ao que pretendia ser.
Um sorriso naturalmente aflorou.
Agora eu também enxergava a leve bruma que envolvia o dia.
Foi calma e evidente a vontade de sorrir,
Tanto quanto avassaladora e surpreendente.
Foi cumulativa e enraizada,
Coletiva e tão individual que eu sorria só de ver tanta gente sorrir.
E é assim. O dia que a gente decide ser feliz é um dia comum.
Tamires Ferreira